O ESTÁGIO QUANDO FOGE DE SEU PAPEL (por Mariana Melleu)

De acordo com o segundo artigo da nova Lei do Estágio o estágio pode ser obrigatório ou não conforme o edital pedagógico do curso. Tal oportunidade de o estudante vivenciar a rotina do profissional formado é também uma maneira para se entrar no mercado de trabalho antes do término da faculdade.

Estagiários têm como prioridade remuneração e não aprendizado. (Foto: G1)

Para as empresas ou para os órgãos contratadores, muitas vezes o estágio se torna uma opção de mão-de-obra barata e, ainda que seja remunerado, não há a necessidade de formalizar todos os auxílios inerentes ao trabalho do profissional formado. As instituições, portanto, buscam cada vez mais seduzir o estagiário oferecendo a ele pequenos benefícios que vão além da bolsa-auxílio, como, por exemplo, a cesta básica, o vale-compra, a assistência médica e até o seguro de vida, já que a rotatividade entre estagiários em uma empresa é mais elevada do que entre os outros funcionários.

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Tal realidade acaba por estimular muitos estagiários a trocarem de vaga com certa freqüência, uma vez que encontrem outra oportunidade melhor remunerada – é o caso daqueles que, além de encarar o estágio como uma maneira de colocar em prática a teoria ensinada na faculdade, aproveitam para complementar sua renda. Na avaliação de especialistas, que chamam esse tipo de estudante de “estagiário nômade”, essa prática ajuda a difundir o mito de que os alunos não possuem comprometimento com suas tarefas, o que acaba pode acabar sendo prejudicial para a carreira futura do estagiário. Isso se torna evidente durante o processo de seleção para a vaga, que envolve a análise do currículo do estudante, normalmente seguida de uma entrevista pessoal com o candidato. Se o caso do aluno for o de curta permanência em diversos estágios, é possível que o empregador questione o comprometimento dele em relação aos objetivos da empresa.

Para a advogada e assessora de gabinete do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, Maria Dolores Oliveira, 45 anos, o essencial para que um estudante seja contratado é que ele veja no estágio uma oportunidade para lhe agregar novos aprendizados e experiências. “Este é o fator primário a ser considerado. Muitos estudantes pulam de lugar em lugar, pois visam apenas uma remuneração maior ou um horário mais flexível e deixam em segundo plano a ânsia de aprender, de aprimorar o conhecimento. O que é uma pena, pois quem realmente acaba perdendo são eles mesmos” – diz.

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Uma vaga de estágio, primeiramente, pode e deve contribuir para o crescimento do estudante, auxiliando-o a aperfeiçoar a técnica da profissão. Estagiando normalmente em apenas um turno do dia (ver vídeo sobre a nova Lei do Estágio abaixo), o aluno tem que se tornar capaz de viver a rotina do profissional ao mesmo tempo em que cursa a faculdade e, assim, tornar-se apto a dimensionar as responsabilidades que o trabalho exige.

“A remuneração é importante, para que as tarefas do estagiário sejam valorizadas. Até porque, dependendo da empresa, o estudante acaba se envolvendo em inúmeras atividades, nem sempre apenas relacionadas aquelas da área de atuação do seu curso. Mas acredito que a bolsa-auxílio não deva ser o fator decisivo para um estudante aceitar ou não uma vaga. Inclusive, para aproveitar o exemplo, do que adianta ele trabalhar no lugar X, pois vai ganhar 800 reais, se passará fazendo coisas que não vão lhe ser úteis no curso? O que os jovens precisam entender é que, na faculdade, é época de eles estudarem, irem a palestras, estagiarem tranquilamente, adquirirem experiência. A época de ganhar dinheiro só vem depois” – explica o proprietário de construtora civil, João Inácio Espíndola, 49 anos.

Sobre Jornalismo freestyle

Blog de jornalismo online desenvolvido pelas alunas Bruna Souza, Carolina Petry, Mariana Melleu e Tábata Machado, ao longo do segundo semestre de 2010.
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